1 - A bossa nova é foda
(Caetano Veloso)
02 - Um Abraçaço
(Caetano Veloso)
03 - Estou Triste
(Caetano Veloso)
04 - Império da Lei
05 - Quero Ser Justo
(Caetano Veloso)
06 - Um Comunista
(Caetano Veloso)
07 - Funk Melódico
(Caetano Veloso)
(Caetano Veloso)
09 - Quando O Galo Cantou
(Caetano Veloso)
10 - Parabéns
(Caetano Veloso e Mauro Lima)
11 - Gayana
Comentários:
O que você quer dizer com "Abraçaço" é "uma extensão múltipla, completa e em grupo"?
- A repetição do "ç" após "a" é ainda mais forte do que o "z" em espanhol: "ACAC" quando é escrito, dá a impressão de algo que se desenrola, círculos concêntricos. Som, ou com "c" ou "z", e dá a idéia de multiplicidade, não ser um simples abraço, mas porque sugere um interminável "açaçaçaçaç ...". E esse final "aço" também indica algo feito por muitas pessoas. No entanto, foi com a idéia de "grande abraço" que usei a palavra nas letras da música.
Primeira vez que ouvi a palavra “abraçaço”, foi naquela música. Quem inventou a palavra, você
"Quando o galo cantou", é um samba, e isso tem algo a ver com o que eu quero fazer no futuro.
Entrevista a Matej Praprotnik - Radio Slovenija - Eslovênia, 2014
"A bossa nova foi um grande evento em nossas vidas. Nenhum artista brasileiro da minha geração parou de falar sobre esse trauma inicial. O que João Gilberto fez? Ele lhes deu direção e incentivo às composições de Jobim, Lyra e Menescal, mudando o jeito de entender a música popular brasileira. E foi imediatamente adotado pelo público em geral. É disso que eu sempre falo, tentando dizer melhor e melhor. "A bossa nova é foda" nasceu de inspiração para expô-lo exatamente nesses termos. Os erros de perspectiva da visão internacional sobre o significado de gênero são antigos. Mas é mais anacrônico a opinião estrangeira de que esse movimento é resumido em um estereótipo sem que seja diluído no preconceito do vulgar. Miles Davis disse que "João Gilberto é música mesmo lendo um jornal". A bossa nova influenciou a ponta de lança do jazz dos anos 50 e 60, e definiu caminhos para professores de escolas de samba, novos músicos, ensaístas das ciências sociais e poetas de vanguarda. Hoje, João Gilberto é amado até pelos lutadores das artes marciais combinadas (MMA). novos músicos, ensaístas das ciências sociais e poetas de vanguarda" ------- "Então, a música está cheia de homenagens e citações enigmáticas, onde Gilberto é" o bruxo de Juazeiro, "Carlos Lyra é "um velho instrumento grego" e até Bob Dylan como "o Bardo Judeo-Romântico de Minnesota. ------- "A ideia surgiu porque João Gilberto sempre gostou de boxe, ele era fã de Mike Tyson e tenho certeza que ele olha para a AMM", explicou. "Mas também porque o MMA é uma invenção brasileira, um amálgama feito aqui, como a bossa nova."
CV: Não, não, inventar não, inventei porque as pessoas dizem muito um beijaço, um filmaço, um golaço, então o abraçaço nunca ouço as pessoas dizerem mas não e impossível e fica interessante porque abraço para ter esta desinência -aço.. então vem o outro -aço Ficam dois, parece um eco, né, abraçaço, tem dois 'c' cedilha, né.. quando está escrito. Então achei bonito. Eu comecei a usar como as respostas de emails para amigos.
"Quando o galo cantou", é um samba, e isso tem algo a ver com o que eu quero fazer no futuro.
Entrevista a Matej Praprotnik - Radio Slovenija - Eslovênia, 2014
De seus últimos três álbuns, Abraçaço é possivelmente o mais melancólico. Além disso, embora pareça sem essa intenção, é um trabalho que flerta com a política, a ponto de homenagear o guerrilheiro urbano brasileiro Carlos Marighella sobre o tema "Um comunista". Por que o fez?
- Sem dúvida, o Abraçaço é o mais melancólico. Mas acho que, dos três, Zii e Zie foi mais político, por meio de temas como "Perdeu" e "A Base de Guantánamo", já que o Cê era quase exclusivamente individualista. Embora, além de "Um Comunista" (no qual é quase uma paródia das músicas de protesto dos anos 60), no meu último álbum está "O império da lei", uma canção sobre os assassinatos impunes de camponeses e missionários em o norte da Amazônia.
Entrevista a Yumber Vera Rojas para O Clarín - Música - Argentina, 2013
Funk Melódico/Quando o galo cantou - "O funk me interessa mais como construção estética, é algo muito sofisticado. Mas gosto do pagode romântico por aquela brincadeira rítmica, uma corridinha na letra, que faço um pouquinho na canção, mas diferente do que os pagodeiros fazem. Não queria uma imitação. É mais uma homenagem, até mais no dizer a expressão “pagode romântico” na letra"
O império da lei - Vendo o filme (“Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”), fiquei muito emocionado e pensando nessa situação do interior do Pará, que a gente acompanha pela imprensa há muitos anos, com a sensação de que o império da lei ainda não pôs seus tentáculos ali de modo firme. No filme, Dona Onete canta sobre uma batida, eu queria essa batida para essa música. Falei com a banda e eles entenderam logo. No filme, a batida estava discreta, eu queria trazê-la para a frente. Queria algo bem forte pra ser um brado mesmo. Pelo ritmo, tem um certo caráter de canção de festa, mas é nitidamente um brado de luta
Um comunista - É o tempo natural da respiração histórica a respeito da memória de Marighella. Jorge Amado passou a vida sonhando em ver um monumento a Marighella em Salvador, mesmo apoiando Antonio Carlos Magalhães. Pedaços desse monumento inexistente são o livro, o filme, a música dos Racionais e a minha canção, que são completamente diferentes. A dos Racionais é uma típica peça de hip hop. A minha parece uma canção de protesto da época das canções de protesto. E eu quis que fosse assim. É uma resistência da canção.
Entrevista a Leonardo Lichote - O Globo, 2012
Em seu último trabalho, Abraçaço, há uma parceria com Rogério Duarte, um dos mentores do Tropicalismo. Você pode falar mais sobre a canção Gayana e sua relação com Rogério?É uma canção de Rogério, letra e música. Ele me mandou por e-mail, num vídeo divino, em que ele aparece cantando e tocando violão com aquela barba longa e aquele tapa-olho. Os caras da banda ficaram maravilhados. Eu quis logo gravar. Aquela frase direta: "Eu amo muito você". E aqueles ecos da poesia hindu. Rogério é uma das inteligências mais impressionantes que já encontrei. Ele tem um jeito de deixar as palavras se formarem dentro dele que faz de qualquer argumento que ele apresente algo relevante e pertinente. Tudo parece vivido. E com intensidade. Quando ele me mandou a música, o título que ele próprio tinha escolhido era Hino Gay, porque falava de um amor que não era dito até aquele momento e porque ele queria homenagear algumas figuras da história do pensamento que foram homossexuais. Depois, observando que Gayana é um nome hoje usual na Índia para meninas, e lembrando o sentido de Gai em sânscrito, ele apareceu com esse título que, na verdade, é muito mais bonito. E não interfere na canção, como o outro faria. Eu adoro saber que essa música era ouvida na novela (Joia Rara) em que Caio Blat fez um monge budista. Fico vendo milhões de brasileiros ouvindo uma canção de Rogério em meio a imagens ligadas à Índia. Parece fazer muito sentido para mim. "
Opinião da casa:
A conclusão da trilogia com a Banda Cê veio pra fechar com chave de ouro a sequência que se iniciou com "Cê". Depois de compor um disco e um show para Gal Costa ("Recanto", de 2011), Caetano volta a questões que nunca abandonou, como a Bossa Nova ("A bossa nova é foda" abre o disco com um comentário atual, assim como em "Outras Palavras" ou "Circuladô"), as referências aos sambas de Noel e o funk carioca, as letras-biografias (algo de "Alexandre" no tamanho de "Um comunista") e temas que já se identificam com o modo "banda-Cê" de execução: "Vinco" e "Um abraçaço".
Ficam em evidência "Estou triste", prima de "Etc", do disco "Estrangeiro", de 89 e "Gayana", composição de Rogério Duarte que encerra o disco com um abraçaço no amor.
A conclusão da trilogia com a Banda Cê veio pra fechar com chave de ouro a sequência que se iniciou com "Cê". Depois de compor um disco e um show para Gal Costa ("Recanto", de 2011), Caetano volta a questões que nunca abandonou, como a Bossa Nova ("A bossa nova é foda" abre o disco com um comentário atual, assim como em "Outras Palavras" ou "Circuladô"), as referências aos sambas de Noel e o funk carioca, as letras-biografias (algo de "Alexandre" no tamanho de "Um comunista") e temas que já se identificam com o modo "banda-Cê" de execução: "Vinco" e "Um abraçaço".
Ficam em evidência "Estou triste", prima de "Etc", do disco "Estrangeiro", de 89 e "Gayana", composição de Rogério Duarte que encerra o disco com um abraçaço no amor.